terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

67) Destinação da Terra. - Causas das misérias humanas


Destinação da Terra. - Causas das misérias humanas

     6. Muitos se admiram de que na Terra haja tanta maldade e tantas paixões grosseiras, tantas misérias e enfermidades de toda natureza, e daí concluem que a espécie humana bem triste coisa é. Provém esse juízo do acanhado ponto de vista com que se colocam os que o emitem e que lhes dá uma falsa idéia do conjunto. Deve-se considerar que na Terra não está a Humanidade toda, mas apenas uma pequena fração da Humanidade.

     Com efeito, a espécie humana abrange todos os seres dotados de razão que povoam os inúmeros orbes do Universo.
     Ora, que é a população da Terra, em face da população total desses mundos? Muito menos que a de uma aldeia, em confronto com a de um grande império. A situação material e moral da Humanidade terrena nada tem que espante, desde que se leve em conta a destinação da Terra e a natureza dos que a habitam.

     7. Faria dos habitantes de uma grande cidade falsíssima idéia quem os julgasse pela população dos seus quarteirões mais íntimos e sórdidos. Num hospital, ninguém vê senão doentes e estropiados; numa penitenciária, vêem-se reunidas todas as torpezas, todos os vícios; nas regiões insalubres, os habitantes, em sua maioria são pálidos, franzinos e enfermiços. 
     Pois bem: figure-se a Terra como um subúrbio, um hospital, uma penitenciaria, um sítio malsão, e ela é simultaneamente tudo isso, e compreender-se-á por que as aflições sobrelevam aos gozos, porquanto não se mandam para o hospital os que se acham com saúde, nem para as casas de correção os que nenhum mal praticaram; nem os hospitais e as casas de
correção se podem ter por lugares de deleite.

      Ora, assim como, numa cidade, a população não se encontra toda nos hospitais ou nas prisões, também na Terra não está a Humanidade inteira. E, do mesmo modo que do hospital saem os que se curaram e da prisão os que cumpriram suas penas, o homem deixa a Ferra, quando está curado de suas enfermidades morais.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Mundos inferiores e mundos superiores

     8. A qualificação de mundos inferiores e mundos superiores nada tem de absoluta; é, antes, muito relativa. Tal mundo é inferior ou superior com referência aos que lhe estão acima ou abaixo, na escala progressiva.
     Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se fazer idéia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na condição das raças selvagens ou das nações bárbaras que ainda entre nós se encontram, restos do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, são de certo modo rudimentares os seres que os habitam.

     Revestem a forma humana, mas sem nenhuma beleza. Seus instintos não têm a abrandá-los qualquer sentimento de delicadeza ou de benevolência, nem as noções do justo e do injusto.
     A força bruta é, entre eles, a única lei. Carentes de indústrias e de invenções, passam a vida na conquista de alimentos. Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas abandona; no fundo das trevas da inteligência jaz, latente, a vaga intuição, mais ou menos desenvolvida, de um Ente supremo.    
     Esse instinto basta para torná-los superiores uns aos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida mais completa, porquanto eles não são seres degradados, mas crianças que estão a crescer.
     Entre os degraus inferiores e os mais elevados, inúmeros outros há, e difícil é reconhecer-se nos Espíritos puros, desmaterializados e resplandecentes de glória, os que foram esses seres primitivos, do mesmo modo que no homem adulto se custa a reconhecer o embrião.

     9. Nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são muitíssimo diversas das da vida na Terra. Como por toda parte, a forma corpórea aí é sempre a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada. O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, conseguintemente, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. Mais apurados, os
sentidos são aptos a percepções a que neste mundo a grosseria da matéria obsta. 

     A leveza específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço além do da vontade, conforme se representam os anjos, ou como os antigos imaginavam os manes nos Campos Elíseos. Os homens conservam, a seu grado, os traços de suas passadas
migrações e se mostram a seus amigos tais quais estes os conheceram, porém, irradiando uma luz divina, transfigurados pelas impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida cintilam com o fulgor que os pintores hão figurado no nimbo ou auréola dos santos.

     A pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos já muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância. Isenta de cuidados e angústias, a vida é proporcionalmente muito mais longa do que na Terra. Em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento dos mundos. A morte de modo algum acarreta os horrores da decomposição; longe de causar pavor, é considerada uma transformação feliz, por isso que lá não existe a dúvida sobre o porvir. Durante a vida, a alma,
já não tendo a constringi-la a matéria compacta, expande-se e goza de uma lucidez que a coloca em estado quase permanente de emancipação e lhe consente a livre transmissão do pensamento.

     10. Nesses mundos venturosos, as relações, sempre amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição, da parte de qualquer deles, de escravizar o seu vizinho, nem pela guerra que daí decorre. Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. 
     A autoridade merece o respeito de todos, porque somente ao mérito é
conferida e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é galgar a categoria dos Espíritos puros, não lhe constituindo um tormento esse desejo, porem, uma ambição nobre, que o induz a estudar com ardor para os igualar. 
     
     Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana se acham engrandecidos e purificados; desconhecem-se os ódios, os mesquinhos ciúmes, as baixas cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende uns
aos outros todos os homens, ajudando os mais fortes aos mais fracos. Possuem bens, em maior ou menor quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos por meio da inteligência; ninguém, todavia, sofre, por lhe faltar o necessário, uma vez que ninguém se acha em expiação. Numa palavra: o mal, nesses mundos, não existe.

     11. No vosso, precisais do mal para sentirdes o bem; da noite, para admirardes a luz; da doença, para apreciardes a saúde. Naqueles outros não há necessidade desses contrastes. A eterna luz, a eterna beleza e a eterna serenidade da alma proporcionam uma alegria eterna, livre de ser perturbada pelas angústias da vida material, ou pelo contacto dos maus, que lá não têm acesso. Isso o que o espírito humano maior dificuldade encontra para compreender. 
      Ele foi bastante engenhoso para pintar os tormentos do inferno, mas nunca pôde imaginar as alegrias do céu. Por quê? Porque, sendo inferior, só há experimentado dores e misérias, jamais entreviu as claridades celestes; não pode, pois, falar do que não conhece. A medida, porém, que se eleva e depura, o horizonte se lhe dilata e ele compreende o bem que está diante de si, como compreendeu o mal que lhe está atrás.

     12. Entretanto, os mundos felizes não são orbes privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos. Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos outros; a todos são acessíveis as mais altas categorias: apenas lhes cumpre a eles conquistá-las pelo seu trabalho, alcançá-las mais depressa, ou permanecer inativos por
séculos de séculos no lodaçal da Humanidade. (Resumo do ensino de todos os Espíritos superiores.)

Mundos de expiações e de provas

     13. Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em que habitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição moral. 

     Por isso os colocou num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.

     14. Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.

     Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons.
      Tiveram de ser degredados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem 
     OS infortúnios da vida. E que há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças primitivas,
cujo senso moral se acha mais embotado.

     15. A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos tem aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as
qualidades do coração e as da inteligência. 
     E assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. - Santo Agostinho. Paris,1862.)

de O Evangelho Segundo o Espiritismo (Allan Kardec) - Há Muitas Moradas Na Casa De Meu Pai - Cap III

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

66) Há Muitas Moradas Na Casa De Meu Pai (Perfeito!)


Há Muitas Moradas Na Casa De Meu Pai (Perfeito!)

     1. Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí
estejais. ( S. JOÃO, cap. XIV, vv. 1 a 3.)

Diferentes Estados Da Alma Na Erraticidade

     2. A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos.
     Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade.      Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente,as percepções que tenha. 
     
     Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas trevas, os bem-aventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias de uma felicidade indizível. 
     Também nisso, portanto, há muitas moradas, embora não circunscritas, nem localizadas.

Diferentes Categorias De Mundos Habitados

     3. Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há-os em que estes últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a todos os respeitos. 
     Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. A medida que esta se desenvolve,
diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.

     4. Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam.     
     Embora se não possa fazer, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação que trazem, tomando por base os matizes mais salientes, dividi-los,
de modo geral, como segue: 
     Mundos Primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; 
     Mundos de Expiação e Provas, onde domina o mal; 
     Mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; 
     Mundos Ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; 
     Mundos Celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. 
     A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias.

     5. Os Espíritos que encarnam em um mundo não se acham a ele presos
indefinidamente, nem nele atravessam todas as fases do progresso que lhes cumpre realizar, para atingir a perfeição. Quando, em um mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos.         
     São outras tantas estações, em cada uma das quais se lhes deparam elementos de progresso apropriados ao adiantamento que já conquistaram. É lhes uma recompensa ascenderem a um mundo de ordem mais elevada, como é um castigo o prolongarem a sua permanência em um mundo desgraçado, ou serem relegados para outro ainda mais infeliz do que aquele a que se vêem impedidos de voltar quando se obstinaram no mal.

 Evangelho 
Segundo O Espiritismo 
- Capítulo III
(Allan Kardec)


sábado, 24 de janeiro de 2015

65) Elitização do Movimento Espírita, um caminho contrário à Caridade (EXCELENTE!)

Elitização do Movimento Espírita, um caminho contrário à Caridade (EXCELENTE!)
     
     - Quem me conhece sabe que não sou do tipo de ficar jogando pedras em ninguém, pois não me sinto com capacidade de julgar quem quer que seja, sou, ainda, muito falho. Porém tenho o dever de zelar pela preciosidade que Deus me ofereceu: o Espiritismo.
     Como todos os divulgadores da doutrina, procuro acompanhar o nosso movimento através de jornais, revistas e, sobretudo, da internet. Confesso que, em observando algumas iniciativas atuais de alguns dirigentes, mesmo entendendo “suas razões”, tenho ficado um tanto preocupado com aquilo que o Chico Xavier mais temia: ver o movimento espírita se tornar elitista.
                Sei que o movimento espírita é constituído em boa parte por pessoas mais intelectualizadas, mas isso não impede de nos voltarmos para o caminho da humildade e da caridade que somos convidados, doutrinariamente, a vivenciar.
                
     Estou observando, por exemplo, que eventos pomposos estão sendo realizados em nome de uma doutrina que nos chama para uma vivência puramente cristã, como acontecia na época de Jesus, onde todo espírito vibrava fraternidade e estava voltado para o bem coletivo.     Afinal, o Espiritismo é ou não é a revivescência do Cristianismo? Precisamos aprender a conviver nos momentos corriqueiros, nas dificuldades e desfrutar dos banquetes espirituais em conjunto, apesar das diferenças que nos assinalam, pois só assim vamos viver harmoniosamente.
                 E o que estamos fazendo? Parece-me que estamos, atualmente, caminhando no sentido contrário. Programando atividades onde somente os mais endinheirados podem participar. E os nossos irmãos mais pobres em moedas, onde ficam? Somente nas cadeiras dos centros ouvindo os intelectuais e na hora de um evento maior não podem participar? Ou então, no fundo das cozinhas dando duro e longe dos ensinamentos ministrados no recinto luxuoso? E aqueles que só podem ir para ficar guardando os carros dos chefões doutrinários?
                
      Ah!... Mas estamos num mundo material e, aqui, tudo custa dinheiro: alguns argumentam. Sim. Correto. Mas se desejarmos fazer um evento grandioso, deveríamos então nos programar melhor e, o grupo interessado na sua realização, buscar outras fontes de rendas para o custeio, seja com trabalho próprio, patrocínios e outras iniciativas justas e coerentes, sem prejudicar, com isso, a participação daqueles que não podem pagar e/ou comprar obras dos oradores famosos.    
                Muitos companheiros, felizmente, já fazem isso. Temos bons exemplos de excelentes eventos, com a participação dos mais renomados oradores, cantores que são realizados graciosamente e alguns, inclusive, são feitos até em lugares públicos, onde toda e qualquer pessoa pode participar sem nenhum constrangimento e taxa.
                Esse deve ser o movimento espírita como idealizou Allan Kardec e depois os seus mais legítimos seguidores.
                Fico imaginando Cairbar Schutel, Eurípedes  Barsanulfo, Batuira, Dr. Bezerra e tantos outros exemplos de vivência cristã e dedicação que tivemos no movimento espírita, se hoje estivessem reencarnados, realizariam ou participariam de alguma atividade espírita cobrando taxa dos interessados? Evidentemente que não, pois testemunharam a grandeza espiritual de que são portadores, exatamente pelo amor a doutrina, desprendimento e devotamente ao espírito coletivo.
Será que Allan Kardec aceitaria realizar uma palestra ou algum seminário, onde a compra de suas obras seria obrigatória para se participar?
               
     Com certeza, jamais ele aceitaria participar de algo tão materialista e tão contrário aos seus ideais. Sua meta era e é, tão somente,  corroborar para a espiritualização de todos, indistintamente.
               O endeusamento de palestrantes e médiuns está, cada vez mais, tomando conta do movimento espírita. Sabemos que isso é, por demais, prejudicial à evolução dos mesmos, mas continuamos a endeusa-los. Triste engano e mais triste ainda é ver que muitos deles aceitam, até com alegria, serem tratados como celebridades ou Pop Star.
              Alguns se esquecem de que mais será cobrado daquele que mais recebeu. Que outros trouxeram o trabalho por misericórdia divina, pois pediram clemência para não terem que suportar tantas dores no mundo, se colocando para resgatarem seus débitos, levando mensagens espiritualizadas que eles próprios são os primeiros que precisam conscientizá-las.
             Dias atrás vi uma propaganda de um evento espírita que acontecerá no nordeste que me deixou de queixo caído. Para participar do referido trabalho, o interessado deverá pagar R$ 100.00 por palestra, recebendo duas obras do palestrante do dia, podendo pagar até em três vezes no cartão de crédito. Pense bem: Por esse valor de entrada pode-se assistir os megas shows envolvendo os melhores artistas brasileiros.
               
      Onde estamos? O que é isso? Será que o Cristo, sobretudo num momento em que a Terra está passando por duros abalos materialistas, precisando de Sua mensagem com urgência, apoiará um evento como esse? Será que os Benfeitores estarão, mesmo, dando cobertura a essa gente? Só mesmo se for pela misericórdia divina, pois pela razão ficariam todos ao bel prazer de seus atos materialistas.
            Vamos fazer eventos onde todos podem participar sem constrangimento e sem o espírito separatista. Se não puder fazer suntuoso, que seja simples e rico de alegria cristã. Se  for cobrar algo, que seja simbólico para alimentação, mas de preferência que seja aberto a toda gente.           Vamos exaltar a espiritualidade, a fraternidade que estamos sendo convidados a desenvolver em nossa humanidade e não a nossa materialidade orgulhosa! Pense nisso.

Sobre o Autor:

Ismael Batista da Silva

Ismael é da cidade Guaxupé, estado de Minas Gerais.
De berço espírita, aposentado em escola particular, ex-vereador de São José do Rio Pardo - SP, é palestrante motivacional, capacitador de cursos e treinamentos em Vendas, Oratória, Liderança, dentre outros. 

Como expositor espírita atua há vinte e seis anos e tem dado expressivo destaque no campo do relacionamento humano. Seus trabalhos tornaram-se muito apreciados, pois são bem humorados, recheados de alegria e exemplos práticos do cotidiano, motivando, desta forma,  grandes públicos a aproveitarem bem a existência física atual.


É autor de dois livros: Vencendo Dificuldades de Relacionamento e Um Perfume Inesquecível (romance do Espírito Otília). Está lançando Coração Mineiro – Uma Reencarnação em Busca da Humildade (também um romance do Espírito Otília).

http://www.redeamigoespirita.com.br/group/artigosespiritas/forum/topic/show?id=2920723:Topic:1619354&xgs=1&xg_source=msg_share_topic

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

64) Um Dos Muitos Motivos Da Vinda De Jesus - Meu Reino Não É Deste Mundo (Importante!)




Um Dos Muitos Motivos Da Vinda De Jesus - (Importante!)
  • 1. Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? 
     - Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui.
     Disse-lhe então Pilatos: 
     - És, pois, rei? - Jesus lhe respondeu: 
     - Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence a verdade escuta a minha voz. (S. JOÃO, cap. XVIII, vv. 33, 36 e 37.)

A vida futura
  •  2. Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta a que a Humanidade irá ter, e, como devendo constituir objeto das maiores preocupações do homem na Terra.
      Todas as Suas máximas se reportam a esse grande principio. 
     Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não crêem na vida futura, imaginando que ele apenas falava na vida presente, não os compreendem, ou os consideram pueris.

     Esse dogma pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo, pelo que foi colocado num dos primeiros lugares à frente desta obra. 
     É que ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a justiça de Deus.

  • 3. Apenas idéias muito imprecisas tinham os judeus acerca da vida futura.

     Acreditavam nos anjos, considerando-os seres privilegiados da Criação; não sabiam, porém, que os homens podem um dia tomar-se anjos e partilhar da felicidade destes. Segundo eles, a observância das leis de Deus era recompensada com os bens terrenos, com a supremacia da nação a que pertenciam, com vitórias sobre os seus inimigos. 
     
     As calamidades públicas e as derrotas eram o castigo da desobediência àquelas leis. 
     Moisés não pudera dizer mais do que isso a um povo pastor e ignorante, que precisava ser tocado, antes de tudo, pelas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus lhe revelou que há outro mundo, onde a justiça de Deus segue o seu curso. 
     É esse o mundo que ele promete aos que cumprem os mandamentos de Deus e onde os bons acharão sua recompensa. 
     Aí o seu reino; lá é que ele se encontra na sua glória e para onde voltaria quando deixasse a Terra.
     
     Jesus, porém, conformando seu ensino com o estado dos homens de sua época, não julgou conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que eles ficariam deslumbrados, visto  que não a compreenderiam. 
     Limitou-se a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um principio, como uma lei da Natureza a cuja ação ninguém pode fugir. 
     Todo cristão, pois, necessariamente crê na vida futura; mas, a idéia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. 
     Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesmo a incredulidade.

Meu Reino Não É Deste Mundo

     O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em vários outros, o ensino do Cristo, fazendo-o quando os homens já se mostram maduros bastante para apreender a verdade. 
     Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser simples artigo de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material, que os latos demonstram, porquanto são testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripécias, e de tal sorte que, além de impossibilitarem qualquer dúvida a esse propósito, facultam à mais vulgar inteligência a possibilidade de imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto, como toda gente imagina um país cuja pormenorizada descrição leia. 
     Ora, a descrição da vida futura é tão circunstanciadamente feita, são tão racionais as condições, ditosas ou infortunadas, da existência dos que lá se encontram, quais eles próprios pintam, que cada um, aqui, a seu mau grado, reconhece e declara a si mesmo que não pode ser de outra forma, porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira justiça de Deus.

A realeza de Jesus

  • 4. Que não é deste mundo, o reino de Jesus todos compreendem, mas, também na Terra não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal. 
     Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de idéias quaisquer, a todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. 
     E nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc. Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? 
     Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra. 

     Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte. Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? 

  •      Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: 
  •      - "Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo."





Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...